por Suellen Passos
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Ter ansiedade processual

A ansiedade é uma condição que afeta milhões de pessoas e, em muitos casos, é agravada por situações específicas, como o envolvimento em um processo judicial.

E é sobre isso que falaremos aqui, da ansiedade processual.

Quando falamos em processos judiciais, estamos lidando com algo que impacta diretamente a vida das pessoas. Seja em uma audiência, em um divórcio ou na espera pela decisão final, o processo gera grande expectativa. E, infelizmente, a realidade do sistema de justiça brasileiro intensifica essa ansiedade.

Afinal, o Brasil é o 75º país mais lento do mundo em termos de justiça!

Essa lentidão decorre da grande quantidade de burocracia, da alta demanda de processos e, muitas vezes, da falta de estrutura para que esses casos avancem de forma mais rápida. Em um processo comum, por exemplo, a primeira audiência pode acontecer somente seis meses após a abertura do processo. Esse período inicial é angustiante, pois, até a primeira audiência, praticamente não há movimentação no processo. Isso só aumenta a sensação de impotência e incerteza do futuro.

E a ansiedade, nada mais é do que uma preocupação com o futuro. Então, é absolutamente normal para quem tem um processo na justiça. Não se culpe!

Contudo, é importante lembrar que a ansiedade traz consigo sentimentos de vulnerabilidade, de insegurança, medo e um desejo intenso de solução imediata – e isso pode impactar diretamente a sua postura diante do processo e da audiência.

Em uma audiência, por exemplo, onde cada detalhe e argumento são importantes, a ansiedade pode afetar sua comunicação no depoimento e, sem querer, acabar confundindo o juiz.

Por outro lado, se você sentir a necessidade urgente de resolver a situação, pode acabar fazendo acordos que resultarão em prejuízos futuros ou até mesmo “abrindo mão” de direitos para se livrar de um problema.

Em meus 16 anos de experiência na área jurídica, já presenciei muitos tipos de ansiedade se manifestarem em clientes envolvidos em processos judiciais. Isso me motivou a estudar a linguagem corporal e os sintomas da ansiedade para ajudar meus clientes a se desenvolverem melhor durante os processos e, assim, aumentarmos as chances de sucesso.

Alguns clientes, inclusive, me perguntam: "o que não devo falar em uma audiência?" ou "o que falar para um juiz em uma audiência?", e pra isso eu separei 2 sugestões importantes para te ajudar a lidar com os sintomas da ansiedade:

  • Uma das primeiras orientações que dou aos meus clientes é evitar falar do processo com outras pessoas, mantendo a comunicação restrita ao advogado. Quanto mais pessoas você consultar, mais opiniões diferentes receberá, o que pode gerar confusão e aumentar sua ansiedade e medo de que algo saia diferente do esperado. Sempre há alguém que dirá que, no processo dela, as coisas aconteceram de forma diferente, e isso pode levar a flutuações extremas de emoção e até conflitos com seu advogado. Lembre-se de que cada processo é único e tem sua própria duração; não há como comparar situações diferentes.
  • Outro conselho importante é que, durante as audiências, você deve evitar compartilhar informações adicionais ou detalhes que seu advogado já tenha apresentado no processo. Em geral, o ideal é responder às perguntas de forma objetiva, sempre seguindo as orientações do advogado. A emoção pode influenciar muito nesses momentos: quando estamos abalados, é fácil dizer algo que não deveríamos mencionar. Isso não significa que você tenha algo a esconder, mas certas informações podem ser interpretadas negativamente pelo juiz se forem apresentadas de forma inadequada. Às vezes, pode parecer que você precisa contar toda a sua verdade, mas isso pode custar a vitória da sua ação. Portanto, fale apenas sobre as situações relevantes para o caso e conforme combinado com seu advogado.

Para te ajudar a entender ainda mais sobre a ansiedade, separei alguns sintomas comuns que as pessoas presenciam em audiências ou quando precisam ir ao fórum:

  • Palpitações cardíacas
  • Mãos suadas e excesso de transpiração
  • Calafrios
  • Dificuldade de concentração nas palavras do juiz, por medo
  • Esquecimento do seu depoimento devido ao nervosismo
  • Agitação nas mãos e pés durante os depoimentos
  • Ondas de calor
  • Desmaios
  • Vômitos ou até episódios de diarreia podem ocorrer

Como dito, todos esses sintomas são normais e se você sentir medo ou receio de falar algo, alinhe sempre com seu advogado.

Uma sugestão viável é sempre levar uma garrafa de água ou um pedaço de chocolate nas audiências, pois esses cuidados ajudam a minimizar alguns dos efeitos da ansiedade.

Com meus clientes, sempre procuro distraí-los antes do início da audiência para que se sintam mais à vontade, transmitindo a minha própria tranquilidade. Como costumo ir muito bem preparada para as audiências, meu objetivo é deixar meus clientes o mais tranquilos possível ao entrarem no tribunal.

A ansiedade pode surgir, também, quando um processo demora muito e você não sabe a situação que está, perguntando-se: "Quero saber como anda meu processo na justiça", e é por isso que seu advogado e você devem estar bem alinhados.

Aqui no escritório, para ajudar nossos clientes a se sentirem mais tranquilos e a reduzir os sintomas de ansiedade, temos em nosso contrato a previsão de ligações mensais a cada 30 dias para mantê-los informados sobre o andamento de seus processos. Além disso, disponibilizamos um aplicativo que permite ao cliente acompanhar o processo na palma da mão. Dessa forma, minimizamos a preocupação com o futuro e, ao transmitir transparência, proporcionamos mais segurança em nossa atuação.

Essas são uma das medidas que adotamos para apoiar nossos clientes em relação às suas ansiedades, pois entendemos que esses sentimentos são normais e compartilhamos das frustrações em um sistema judiciário lento.

Em resumo, saiba que a ansiedade é normal e o Brasil é o pais mais ansioso do mundo. Mas demonstrar a vulnerabilidade pode não ser uma boa saída para o seu processo.

Espero te ajudado.

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