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Qual a sua vulnerabilidade? É isso que será usado contra você em um processo.

Quando você se envolve em um processo judicial, muitas vezes sem perceber, algumas de suas características e comportamentos podem se tornar pontos fracos. Estes pontos fracos, ou vulnerabilidades, podem ser usados contra você de formas que você nem imagina. Por isso, é crucial entender o que pode ser uma vulnerabilidade e como gerenciá-la para proteger seu processo judicial.

Os advogados costumam estar habituados a lidar com ambientes emocionalmente desafiadores, pois atuam diretamente na resolução de problemas. Dessa forma, o advogado pode ajudá-lo a gerenciar essas vulnerabilidades para que elas não sejam usadas contra você em um tribunal.

Neste artigo, vou apresentar alguns exemplos para que você reflita antes de iniciar um processo judicial ou, se já estiver em um, se prepare adequadamente para suas audiências.

FALAR DEMAIS NÃO É BOM!

É muito comum que as pessoas falem demais sobre os próprios casos sem perceber o risco que isso pode representar. Compartilhar cada detalhe com quem pergunta parece algo inofensivo, mas essa atitude pode ter consequências sérias, especialmente se essas informações caírem nas mãos erradas.

Revelar abertamente aspectos importantes do seu caso, mesmo que seja para amigos ou conhecidos, pode dar à outra parte no processo uma vantagem, como se estivesse oferecendo a eles um "manual" sobre como vencer.

Por isso, é fundamental ter cautela ao falar sobre o seu caso, principalmente em lugares públicos, onde desconhecidos podem ouvir, ou nas redes sociais, onde tudo fica registrado e pode se espalhar rapidamente.

Mesmo comentários despretensiosos podem ser interpretados de forma negativa ou usados fora de contexto, trazendo desvantagens inesperadas.

Além disso, ouvir opiniões de pessoas que não estão envolvidas no caso pode atrapalhar seu julgamento e trazer mais preocupações do que apoio, aumentando sua ansiedade e sua insegurança em relação ao desfecho da situação.

Essa necessidade de discrição se torna ainda mais importante nas audiências.

No ambiente do tribunal, você está sob observação constante, e cada palavra dita é levada em conta. Falar demais, especialmente quando você está emocionalmente envolvido, pode tornar você mais vulnerável. Nesses momentos, a outra parte ou os advogados podem tentar desestabilizá-lo para que você se sinta desconfortável e acabe dizendo algo que não deveria. Em meio a tanta pressão, o risco de se enrolar nas respostas ou confundir o juiz é real, o que pode comprometer o rumo do seu processo.

Por isso, quanto menos você fala sobre seu caso, mais protegido estará.

Além disso, essa postura ajuda a manter o foco e evita influências externas, garantindo que você tenha mais tranquilidade e segurança para enfrentar o processo.

EMOÇÕES NO TRIBUNAL

É normal que, em processos judiciais, as emoções estejam à flor da pele. Afinal, estamos falando de disputas de direitos, o que costuma mexer profundamente com as pessoas envolvidas.

Em alguns casos, essa tensão emocional pode sair do controle, levando a discussões intensas e, em situações extremas, até a agressões dentro do tribunal, tudo por conta do acúmulo de emoções. Por isso, é essencial manter o controle emocional ao máximo.

Quando você deixa transparecer irritação, tristeza ou mágoa, acaba dando à outra parte uma oportunidade de explorar essas emoções. Muitas vezes, eles podem tentar provocar reações para desestabilizar você, o que pode levar a declarações exageradas ou até a atitudes impulsivas. Isso pode fazer com que o juiz veja você de uma forma desfavorável, dificultando a compreensão e o julgamento correto do seu lado da história.

Além disso, um advogado experiente pode usar essas emoções para tentar obter confissões ou revelações que talvez não precisassem ser expostas no processo e você se abrindo mais do que deveria.

O autocontrole protege você das armadilhas emocionais do tribunal e permite que suas palavras e atitudes sejam sempre pensadas, favorecendo sua defesa e a clareza do seu argumento.

COMO SE PROTEGER

A melhor forma de se proteger em um processo judicial é estar consciente das suas vulnerabilidades emocionais e trabalhar para controlá-las.

Por exemplo, reflita sobre como você reage em situações do dia a dia: como você lida com críticas? Como reage a elogios? E quando se sente ignorado, como responde?

As respostas a essas perguntas revelam muito sobre seu comportamento e, mais especificamente, indicam como você pode reagir durante uma audiência. Esses padrões emocionais, se não forem compreendidos e trabalhados, podem surgir no tribunal e, ao entender melhor suas reações, você se prepara para manter a calma e o foco, evitando que esses sentimentos afetem sua postura e suas respostas diante do juiz e dos advogados.

Isso porque, qualquer sinal de nervosismo ou insegurança pode influenciar a percepção do juiz sobre a sua credibilidade.

Eu sou uma advogada com experiência em linguagem corporal, comunicação não violenta e análise comportamental em audiências para desvendar a mentira, e posso afirmar com segurança: se você não consegue controlar suas emoções, essas vulnerabilidades acabam se tornando evidentes e são usadas contra você.

Assim, a maneira como você se senta, fala, se veste e reage é constantemente observada e interpretada no tribunal, mesmo que o juiz não seja um especialista em linguagem corporal. Detalhes como mãos trêmulas, lábios pálidos ou um olhar cabisbaixo podem sinalizar insegurança, o que pode prejudicar sua credibilidade. Por outro lado, uma postura confiante, um olhar firme e um raciocínio claro reforçam sua autenticidade e estabilidade, favorecendo a interpretação positiva de suas declarações.

Aqui no escritório, preparamos nossos clientes para audiências, treinando cada aspecto da postura – desde como se sentar até a entrega de documentos – para evitar que sinais involuntários comprometam a percepção de segurança e confiança. Pessoas muito nervosas, por exemplo, podem se atrapalhar ao ponto de esquecer informações básicas. Por isso, esse treinamento específico para audiências, que realizamos com todos os clientes, ajuda a fortalecer o controle emocional e a transmitir uma imagem mais segura e centrada.

Outro recurso que aplicamos nas audiências é a comunicação não violenta, uma técnica que envolve ouvir a outra parte com empatia, sem interrupções, e buscar esclarecer dúvidas de maneira respeitosa e objetiva. Essa abordagem cria espaço para que ela se sinta segura e, pode, inclusive, levar a grandes revelações, pois muitas vezes as pessoas se sentem mais à vontade e acabam fornecendo informações valiosas.

Em resumo, controlar as próprias emoções e utilizar uma comunicação assertiva e empática são passos fundamentais para se posicionar de maneira segura e confiante no tribunal.

Espero ter te ajudado!

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