O contrato de gaveta é uma prática bastante comum, mas que muitas vezes leva a problemas judiciais.
Isso acontece porque esses contratos são frequentemente mal elaborados, muitas vezes copiados diretamente da internet, e não oferecem garantias adequadas de que serão cumpridos corretamente.
Muitas pessoas optam por um caminho que parece mais simples, menos burocrático e mais barato.
O contrato de gaveta nada mais é do que um acordo escrito entre as partes, onde não é registrado oficialmente no Cartório de Imóveis (cuidado, pois muitas pessoas confundem com firma reconhecida. Firma reconhecida é apenas reconhecer que uma assinatura é da pessoa mesmo. Isso não é registro de contrato. Cuidado!).
Embora possa parecer uma alternativa fácil, essa prática carrega riscos que podem resultar em problemas sérios para ambas as partes envolvidas.
O CONTRATO DE GAVETA É VÁLIDO?
Sim, um "contrato de gaveta" é válido como um acordo privado entre comprador e vendedor. Contudo, é crucial entender que ele não é reconhecido legalmente em relação a terceiros.
Isso significa que, se outra pessoa comprar o mesmo imóvel e registrá-lo antes de você, há um risco de você perder a propriedade.
Além disso, se o vendedor tiver dívidas pendentes, o imóvel ainda pode ser alvo de penhora, já que legalmente ele continua sendo do vendedor até que haja um registro formal.
Em resumo, um contrato de gaveta não é público, o que dificulta a transparência da transação e pode resultar em fraudes, especialmente quando a pessoa vende o imóvel para outra sem que a negociação seja visível. Como não está registrado, o comprador não consegue saber que houve uma venda anterior, e a lei garante que quem registra primeiro tem direito à propriedade.
Para tornar esse contrato público, é necessário levá-lo ao cartório, onde ficará registrado e acessível a qualquer pessoa que procurar informações sobre o imóvel.
POR QUE CHAMA CONTRATO DE GAVETA?
O termo "contrato de gaveta" vem do fato de que esse tipo de contrato não é registrado em cartório, como seria o procedimento oficial. Em vez disso, ele é mantido "na gaveta", ou seja, guardado entre as partes envolvidas como um acordo privado, sem tornar-se público ou oficializado através dos registros no cartório.
Isso significa que ele fica fora do conhecimento público e das formalidades legais, operando apenas entre quem compra e quem vende.
A JUSTIÇA ACEITA ESSE TIPO DE CONTRATO?
Sim, embora a justiça reconheça a existência do "contrato de gaveta" entre as partes envolvidas, muitas vezes falta clareza e a inadequação técnica, que podem impedir que a justiça consiga definir um veredicto justo em caso de conflitos, principalmente em casos de disputas entre duas pessoas pelo mesmo imóvel.
Costuma-se dizer que "o papel aceita tudo", mas a lei não. Por isso, é fundamental entender os riscos envolvidos.
QUAL A GARANTIA DE UM CONTRATO DE GAVETA?
A principal "garantia" em um contrato de gaveta é a confiança entre as partes. No entanto, em termos legais, este tipo de contrato oferece pouca segurança. Se surgirem conflitos, as provas do acordo e a integridade das partes serão cruciais, mas a falta de formalização pode complicar a defesa de ambos os lados no tribunal.
Assim, se duas pessoas disputarem o mesmo imóvel, ficará muito difícil provar a propriedade, uma vez que ambas poderão apresentar contratos. A alegação de "quem comprou primeiro" não é suficiente, pois, segundo a lei, quem registra primeiro o contrato tem mais validade e prioridade.
Portanto, é essencial garantir que a transação seja registrada no cartório para evitar complicações futuras.
RISCOS DE UM CONTRATO DE COMPRA E VENDA NÃO REGISTRADO
Vou listar aqui os principais riscos de se fazer um contrato de gaveta, que são os casos mais frequentes aqui no meu escritório:
Venda de imóvel de área verde: O vendedor pode vender um imóvel que é de propriedade pública, ou seja, que não pode ser transferido para seu nome e nem ser objeto de usucapião.
Imóvel financiado: O vendedor pode estar vendendo um imóvel que está financiado pela Caixa ou por outro banco, e você pode nem saber disso. Ele pode ter adquirido o imóvel por meio de um financiamento particular e não ter feito os pagamentos, o que pode resultar em perdas financeiras para você e até a busca do imóvel por leilão.
Dívidas do imóvel: Já tive casos de pessoas que compraram imóveis com dívidas significativas de IPTU e condomínio. Ao adquirir um imóvel nessa situação, você assume todos os riscos e responsabilidades anteriores, e são dívidas que podem penhorar o imóvel.
Venda para múltiplos compradores: Um vendedor de má-fé pode ter vendido o mesmo imóvel para várias pessoas. Como o contrato de gaveta não é rastreável, fica difícil saber se outras pessoas também adquiriram o imóvel, o que pode gerar confusão e muita perda financeira.
Recuperação do imóvel: Caso o contrato não seja bem elaborado e o comprador não pague, pode ser complicado para o vendedor recuperar o imóvel, dependendo das cláusulas que não foram incluídas no contrato.
Venda sem conhecimento: Se você é o vendedor, o comprador pode vender o imóvel e você pode não ficar sabendo. Por isso, é essencial incluir cláusulas que protejam suas condições e direitos no contrato.
NÃO TENHO DINHEIRO PARA O REGISTRO IMEDIATO
Se você ainda não pode registrar o imóvel por falta de dinheiro, é essencial criar um documento por meio de um advogado. Nós vamos verificar a legitimidade do vendedor, a existência de pendências legais ou fiscais do imóvel, e preparar um contrato que proteja todas as partes envolvidas.
Quanto mais seguro, melhor! Infelizmente confiar nas pessoas hoje em dia é muito mais complicado do que pensamos.
QUER FAZER SOZINHO? É ARRISCADO, MAS SEGUE ESSA DICAS:
DICAS PARA QUEM VAI COMPRAR UM IMÓVEL
DICAS PARA QUEM VAI VENDER UM IMÓVEL
Essas dicas visam a proteção tanto de compradores quanto de vendedores em transações imobiliárias, minimizando riscos e garantindo que ambos os lados possam realizar o negócio com segurança e confiança.
Meu nome é Suellen Passos, sou advogada e atuo ajudando pessoas a regularizar seus imóveis, garantindo que os contratos sejam corretamente formulados e que toda a documentação necessária seja obtida para minimizar riscos. Meu objetivo com esse artigo é te ajudar a ter transações mais seguras.